Por que esperar a consideração do mundo?

shutterstock_18634753 A (des)importância da recompensa

Você trabalha o máximo que pode, dá sempre o melhor de si e parece que ninguém vê isso. Sente como se tudo o que faz de bom em cada setor da sua vida fosse em vão. Se trabalha além do expediente, seu gestor parece não ver. Se arruma a casa inteira no dia em que chegou mais cedo, sua esposa (ou esposo) ignora o trabalho. Até mesmo a comida que prepara, o assento que cede no ônibus, a gorjeta que deixa, tudo parece ser invisível ao mundo. A cada pequeno bom ato que você pratica e não recebe sequer um “muito obrigado”, sua vontade de fazer coisas boas diminui. Mas por quem você age corretamente?

“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão.”(Lucas 6.38)

Quando Jesus proferiu essas palavras a seus discípulos e seguidores, não estava exatamente falando sobre a recompensa que outras pessoas do mundo podem dar. É claro que ela acontece, mas não é a essencial.

Vivemos em um mundo focado no egocentrismo. “Eu trabalho”; “Eu estudo”; “Eu me sustento”; Eu, eu, eu. Levantar os olhos para o que os outros fazem parece tomar um tempo já escasso. Quantos brasileiros heróis da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, você conhece? Provavelmente dirá: “Nenhum.” Mas há vários. Um deles, reconhecido apenas pelas pessoas que ele ajudou, salvou mais de mil seres humanos de morrerem em mãos nazistas.

Luís Martins de Sousa Dantas foi um diplomata brasileiro que trabalhava na França quando essa estava sob o domínio nazista. Contrariando a política de governo do então presidente do Brasil Getúlio Vargas, Dantas escreveu, de próprio punho, vistos e distribuiu com urgência entre as minorias perseguidas. Ele eliminou toda a burocracia que existia, ignorou pessoas poderosas e se colocou em risco por pessoas simples. Reconhecimento? Só depois de muito tempo.

Quando suas atitudes foram descobertas, ele foi proibido de conceder qualquer visto. Ainda assim, o fez algumas vezes.

Talvez alguns dos melhores amigos que você tem hoje só estejam vivos porque, há algumas décadas, alguém trabalhou pelo bem do próximo, mesmo sem o devido reconhecimento vir na hora.

Você trabalha por quem?

Se a falta de reconhecimento do mundo – mesmo que seja um simples “muito obrigado” – faz diferença, por que não se voltar a quem mais tem a ver com isso tudo? Se é a consideração de alguém que você quer, considere-se a si mesmo.

Dar o melhor de si é sempre o caminho ideal a seguir, ainda que só você possa ver isso. Caso contrário, sempre viverá em sua mente a dúvida: “Se eu me esforçasse mais, poderia ter sido melhor?”

A paz de espírito ao agir bem é – e deve ser – maior do que a vinda de qualquer elogio. Devemos manter na alma a leveza retratada por Mario Quintana – ilustre poeta brasileiro recusado na Academia Brasileira de Letras três vezes – em seu Poeminho do Contra:

“Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!”

 

Universal.org

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