Saiba o que fazer para ter sucesso ao optar por uma trajetória profissional não linear
Até pouco tempo, quando se pensava no planejamento de uma carreira, a regra era ter uma boa formação para trabalhar em alguma empresa na qual fosse possível se desenvolver com o passar dos anos, obter promoções e evoluir até a chegada da aposentadoria. Contudo tanto o mundo como o mercado de trabalho estão mudando rapidamente. Hoje aquela dinâmica até então apregoada na formação de muitos trabalhadores já não é mais a usual e surgiu a chamada carreira não linear.
Para Edson De Paula, psicanalista, mestre em psicologia organizacional, escritor e palestrante, seguir essa nova tendência não é apenas mudar de emprego: “é a carreira que se molda de acordo com as mudanças do mercado e pode assumir várias formas, desde uma mudança rápida de função, quando um profissional aceita um novo desafio ou um novo cargo, até mesmo uma mudança repentina de setor de trabalho. Esse modelo de carreira surgiu com a necessidade de inovação em cenários de constantes mudanças econômicas”, explica.
Edson esclarece que não é preciso formação específica para desempenhá-la. “Qualquer profissional pode optar de forma intencional por seguir uma carreira não linear. Na realidade, uma carreira não linear significa que o profissional está aberto às novas possibilidades e aceita desafios em cenários de crises e mudanças constantes, não se prendendo ao modelo linear que possui um plano de carreira definido e no qual ele vai galgando degraus na organização para alcançar a posição desejada”, diz.
Essa nova realidade profissional se tornou uma alternativa em diferentes áreas quando as empresas perceberam que os colaboradores possuíam ideias inovadoras. “Muitos deles não tinham aspiração de ocupar cargos de gerência ou liderança, mas sentiam-se corresponsáveis pelo desenvolvimento de novos projetos e produtos.
Além de muita facilidade de adaptação às mudanças repentinas, eles se preocupavam com o autodesenvolvimento e com suas entregas de trabalho, sem que houvesse necessidade de gerenciamento por parte da liderança”, diz.
Para Edson, a crise pandêmica contribuiu para que esse tipo de profissional também ficasse em evidência. “Era uma situação ameaçadora que provocou uma grande mudança no jeito de ser, de pensar e de agir das pessoas. Houve uma grande reflexão coletiva no mundo sobre ‘o que importava’ e ‘o que valia a pena fazer ou não’.
Muitas empresas cortaram despesas, encurtaram jornadas de trabalho, mudaram do ambiente físico para o virtual e, inclusive, diminuíram salários. Isso provocou um estresse coletivo e acelerou um processo de mudança na mentalidade e até na identidade do trabalhador”, avalia.
Para se preparar para uma carreira não linear em um mundo mais imprevisível e instável, Edson recomenda que os profissionais ampliem suas opções profissionais e acadêmicas. “A dica é explorar e não se limitar a rótulos, ambientes ou posições hierárquicas, estudar e se aperfeiçoar continuamente, ampliar seu networking e ficar visível para o mercado. É importante reforçar aqui que a mudança de carreira nunca será um processo linear. Sempre existirão desafios a superar e essa jornada de exploração é necessária.”
Segundo ele, os novos profissionais precisam experimentar, testar, aprender continuamente, manter o profissionalismo e serem receptivos às mudanças. “O modelo de carreira não linear se encaixa perfeitamente para aqueles que buscam novos desafios em um mercado que muda todos os dias. Hoje, muitas organizações têm priorizado a contratação de novos profissionais com um olhar mais atento às soft skills, com destaque para a comunicação, pensamento crítico, adaptabilidade, trabalho em equipe, criatividade, gestão de conflitos e solução de problemas”, enumera.
O profissional também precisa conhecer tecnologias. “Estamos em plena revolução digital na era da indústria 4.0 e ter conhecimento e domínio de tecnologias é uma das hard skills (habilidades técnicas) mais valorizadas em muitas carreiras da atualidade, inclusive aumentando as chances de elegibilidade para quem busca uma vaga de emprego. Ter esse tipo de conhecimento se tornou um diferencial competitivo, pois, cada vez mais, as empresas se tornam mais focadas em tecnologias e dependentes dos softwares”, analisa.
Ele afirma ainda que o profissional com uma carreira não linear precisa sempre estar um passo à frente dos demais. “Seu olhar deve estar ‘acima e além’ dos demais e ele precisa ter um interesse genuíno de ‘ir ao encontro das informações’ (inteligência contextual), ser curioso sem deixar de ser realista e saber estabelecer metas ousadas para si mesmo. Enfim, saber pesquisar no lugar certo, explorar as melhores opções, definir os passos necessários para seguir e se adaptar em caso de crise”, conclui.
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