No Brasil, São Paulo, a maior cidade do País, enfrenta escassez histórica.
“Daqui a dez ou 15 anos, quando começarem as guerras por causa da dificuldade de acesso à água e à comida, todos seremos levados a pensar: ‘Meu Deus, por que não fizemos mais naquela época (hoje)?’”
A frase acima não é uma ficção científica pessimista. Ela foi dita pelo presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, no início de abril deste ano.
O mundo está assustado com os níveis dos reservatórios de grandes cidades. No Brasil, onde tradicionalmente se pensa no Nordeste quando o assunto é seca, São Paulo, a maior cidade do País, enfrenta escassez histórica. O grande reservatório da Cantareira, um dos maiores do Brasil em área urbana, chegou a ter menos de 10% de sua capacidade no último verão – e não melhorou muito, com pouco mais de 12% verificados no início do outono. O governo estadual, que antes negava a probabilidade de racionamento, já pensa na hipótese. Até um projeto de coletar água do rio Paraíba do Sul, que também abastece Minas Gerais e Rio de Janeiro, foi revelado, o que levantou protestos dos dois estados vizinhos. Isso pode não ser a guerra que o presidente do Banco Mundial contempla num futuro bem próximo, mas as discussões inflamadas já começaram – e toda guerra começa com uma discordância.
A água que existe no planeta nunca aumentou de quantidade. É a mesma desde a Criação. Só que a população mundial aumenta vistosamente a cada século, já passando dos 7 bilhões. A Terra é composta por 70% de água, mas só pouco mais de 2% dela é doce, própria para consumo. Para piorar esses números, mais da metade da água tratada no mundo – nem todos têm acesso a ela – é desperdiçada desde sua coleta até chegar às torneiras dos imóveis. Defeitos nos encanamentos, mau uso e poluição prejudicam ainda mais o acesso.
Outra informação: 80% da energia elétrica consumida no Brasil é produzida com o uso da água, que movimenta as turbinas das usinas hidrelétricas. Quando a água é pouca até para beber e para a higiene, como a eletricidade seria produzida em grande escala? Ficar sem água tratada e sem luz não condiz com a imagem de um País em desenvolvimento, com quase 190 milhões de habitantes.
Em uma recente pesquisa veiculada por um jornal paulistano, mais da metade da população brasileira se disse favorável a uma intervenção governamental nacional para um racionamento no abastecimento de água. Pode parecer algo simples, mas a prática é utilizada em casos extremos, como guerras e catástrofes naturais.
E você? Onde se encaixa nessa história? Se ainda não percebeu, ela diz respeito diretamente a você e à sua família, ao modo como a água é utilizada em sua casa, seu trabalho e sua escola. Sem água, não vivemos. Por que, então, a desperdiçamos tanto?
Resumindo: você está esperando o governo decretar um racionamento, algo que está bem próximo de se tornar real, para começar a economizar? Poupar um recurso tão necessário à vida já deveria ser prática diária para qualquer população, seja ela com fartura de água ou não. Veja algumas dicas elaboradas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para economizar o líquido no dia a dia. São atitudes bem simples, mas que produzem grande resultado – inclusive na conta de água no fim do mês.
Dicas para economizar água
Banheiro
Escove os dentes com a torneira fechada. Use um copo de água para enxaguar. Isso possibilita economia
de mais de 12 litros
Para o banho, molhe o corpo e desligue o chuveiro para se ensaboar. Ligue-o novamente apenas para se enxaguar. Isso gera economia de 95 a 180 litros, além de poupar energia elétrica – o chuveiro é um dos maiores responsáveis pelo gasto de eletricidade
Consome-se cerca de 6 a 20 litros de água a cada descarga. Não use o vaso sanitário como lixeira, jogando papel higiênico, absorventes, etc
Cozinha
Limpe bem os restos de comida dos pratos e panelas antes de lavá-los. Jogue os restos no lixo e não
no ralo da pia
Encha a pia com água e detergente até a metade e coloque a louça Deixe-a de molho por alguns minutos e ensaboe. Repita o processo e enxágue
Se usar máquina de lavar louça, só a ligue quando estiver com sua capacidade total
Lavanderia
Acumule a roupa e lave-a de uma só vez
No tanque, deixe a torneira fechada enquanto ensaboa e esfrega a roupa
Use a máquina de lavar somente na capacidade total. Uma lavadora com capacidade de 5 quilos de roupa consome cerca de 135 litros de água a cada uso
Fora de casa
Evite lavar o carro com a mangueira. Prefira o balde e um pano. Lavar com mangueira gera um gasto de até 600 litros de água, enquanto com o balde o consumo pode cair para 60 litros
Evite “varrer” a calçada e outras áreas externas com a mangueira. Fazer isso, durante 15 minutos, desperdiça cerca de 280 litros de água. Prefira uma vassoura. Em caso de sujeiras localizadas e específicas, prefira usar um balde e um pano
Regue as plantas pela manhã ou à noite. Assim, você evita o desperdício causado pela evaporação – e evita “queimar” as plantas, pois a luz solar esquenta a água na superfície das folhas e flores
Vazamentos em geral
Vazamentos gastam muita água. Fique atento a eles e providencie o conserto
Universal.org