O que está por trás de tanta violência?

A falta de compreensão tem levado ao aumento da intolerância e das agressões em todo o Brasil. Saiba como não cair nessa cilada

Imagem de capa - O que está por trás de tanta violência?

Muitos brasileiros têm levado a expressão popular “não levar desaforo para casa” ao pé da letra. Diariamente, os meios de comunicação divulgam notícias sobre confusões, brigas e ofensas que acontecem nos mais diversos lugares, como cinema, shopping, estacionamento, no trânsito e até mesmo dentro dos aviões. Não há mais hora, lugar e muito menos motivo para que um verdadeiro “barraco” seja armado.

Recentemente, em Jaboatão dos Guararapes, cidade da região metropolitana do Recife, em Pernambuco, dois homens se desentenderam por causa de um lugar na fila do supermercado. O que poderia ter sido resolvido com diálogo terminou com um dos envolvidos baleado na barriga e levado ao hospital às pressas, enquanto o outro fugiu e foi identificado pela polícia mais tarde.

Já em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, o vídeo de três mulheres trocando socos e pontapés em um estacionamento de um shopping viralizou nas redes sociais. Depois de uma apresentação musical, as três rolaram no chão e causaram uma verdadeira confusão entre os donos de carros e motos que tentavam sair do local. O que chama a atenção nas imagens é que uma das moças é retirada da briga por um rapaz, mas as outras duas insistem nas agressões. O motivo do desentendimento não foi divulgado.

Intolerância e falta de paciência também sobraram em uma discussão que aconteceu em março em um posto de combustíveis em Curitiba, no Paraná, entre um cliente e um frentista. Os dois começaram a discutir sobre a chave do veículo, que teria sido quebrada. Em certo momento, as imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram que os ânimos se alteraram a ponto de o funcionário do posto jogar gasolina no corpo do motorista e atear fogo com um isqueiro. O agressor assiste à cena, enquanto outro frentista apaga as chamas.

Até dentro de avião
O aumento da violência no cotidiano não é apenas uma impressão: dados confirmam que situações de conflito têm sido registradas com mais frequência. Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), por exemplo, revelou que no ano passado foram registrados 585 casos de indisciplina de passageiros. O número corresponde ao dobro do registrado em 2019, antes da pandemia. Atualmente, acontece, em média, uma confusão por dia, sendo que os principais motivos são comportamento agressivo, vandalismo e consumo de cigarro no avião.

Gatilhos para as brigas
Casos como os relatados acima se multiplicam e chamam a atenção para o que está acontecendo com a sociedade. Ao que parece, a população está com os ânimos à flor da pele e qualquer situação que fuja do programado se torna motivo para tirar satisfação e fazer justiça com as próprias mãos.

“Estamos vindo de uma série de eventos negativos, como o estresse gerado pela pandemia, as disputas políticas e outros episódios que têm levado as pessoas a se desorganizarem. É importante destacar que, apesar dessas situações, o problema está dentro de cada um que acaba reagindo de forma intolerante e apática diante dos conflitos, enfrentando até mesmo dificuldade para aceitar a opinião dos outros quando ela é diferente”, explica a psicóloga Camila Galhego.

O descontrole emocional pode começar com algo simples e ganhar força assim que um gatilho é acionado, mas um dos sentimentos comuns nesse momento de estresse é a raiva. “Ela normalmente está ligada a uma sensação de injustiça, que pode ser real, mas também pode ser uma distorção da realidade. A pessoa que sente raiva crônica vê injustiça onde não há, desconfia de alguém que não tem nada contra ela e fica com raiva à toa”, diz.

Fuja dessas armadilhas
Todos estamos suscetíveis a momentos de maior estresse. Essas circunstâncias, porém, não podem ser usadas como justificativa para comportamentos inadequados e violentos. Diante dessas situações é preciso acionar a autoconsciência: “toda vez que a pessoa identificar a presença de uma emoção mais intensa, como a raiva, ela precisa parar e refletir o que está por trás daquele sentimento e analisar se o comportamento que ela está tendo vai ajudar ou piorar a situação. Isso é importante porque a própria pessoa tem a capacidade de escolher como vai agir”.

Ao identificar que a razão está perdendo para as emoções, Camila recomenda que a pessoa se afaste do conflito. A mesma orientação serve quando uma pessoa se depara com alguém que usa qualquer motivo para iniciar uma briga: “é importante não levar para o pessoal e entender que a raiva é do outro e não diz respeito a mim”.

A fé e a justiça
A Palavra de Deus é clara quando se trata de reação diante de uma injustiça. O Senhor Jesus ensinou como devemos agir: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa” (Mateus 5.39-40).

A orientação dada pelo Senhor não deixa dúvidas, mas se sujeitar a injustiças não é uma tarefa fácil. “Quem não tem o Espírito de Deus não tem condições de dar a outra face, é humanamente impossível que faça isso. Mas, quem tem o Espírito de Deus, tem ferramentas para administrar esse problema. Antes que esse sentimento de ódio desça para o coração, nós dobramos o joelho e oramos: ‘Deus, tenha misericórdia dessa pessoa’”, disse o Bispo Edir Macedo em uma reunião na Universal.

Essa atitude tem potencial para desviar o furor (Provérbios 15.1) e é uma experiência que fará você sair como vencedor de um conflito, mesmo que aos olhos humanos tenha perdido. “Perdoar o imperdoável e orar pelos inimigos perseguidores são alguns dos desafios a serem superados por aqueles que são de Deus enquanto estão no convívio com os que são descrentes. Isto faz parte do desenvolvimento e aprimoramento da fé.

A depuração do ouro é feita no fogo: quanto maior for a temperatura, mais puro e valioso ele será”, concluiu o Bispo Macedo.

Para os momentos de dúvida em relação ao que fazer, sempre vale a pena o questionamento: nessa situação, o que Jesus faria? Certamente, a resposta vai indicar a direção correta a seguir.

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