Para conter o problema é preciso tomar consciência do motivo que a leva a agir assim.
Chegar à loja e comprar tudo o que se tem vontade, mas sem necessidade alguma. Este é o primeiro indício de que a mulher está passando por algum momento delicado e usa o consumo para compensar o sofrimento.
É o que explica a psicóloga Roseleide da Silva Santos sobre os motivos que levam a mulher a um consumismo desenfreado. “Chamamos de consumo prejudicial, porque ela o usa como um escape, para aliviar o sofrimento. E se isso é frequente, perderá a capacidade de gerenciar o que está fazendo, o problema que está passando e o que está gerando, que é o endividamento.”
Outro fator que pode levar ao consumismo exagerado é a influência da mídia. “Ela pensa que tem que ter aquele objeto para se sentir pertencendo a um grupo, para que seja aceita pelas pessoas. São mulheres com autoestima baixa, e que obtêm externamente o que não conseguem suprir no emocional”, esclarece.
Mais exposição
A agente de aeroporto bilíngue Tatiana Galdeano, de 35 anos, conta que quando estava com algum problema ou frustração, descontava esta angústia nas compras. “Eu saía e comprava roupas, sapatos e, na maioria das vezes, me arrependia depois e não usava tudo aquilo que adquiri. Hoje, tenho consciência disso, porque fiz tratamento e também porque eu me endividei.”
Para Roseleide, fora de uma crise emocional, a mulher também consome de forma diferente do homem. “Ele não tem paciência e consegue ser mais objetivo, entra na loja e já sabe o que comprar. Já a mulher gosta da variedade, do passeio, do lazer, observa o tecido, o caimento. Mas quando usa a compra para substituir o sofrimento, compra sem ver e sem pensar.”
Além disso, o consumismo feminino fica mais evidente porque a mulher se expõe mais. “Conta para a família, para os amigos que comprou isso, que agora ela tem aquele objeto tão desejado. Mas este prazer acaba rápido, porque foi somente para suprir um problema, uma carência emocional. Passou aquele momento, ela vai querer outra coisa”, diz a psicóloga.
Para o futuro
E é necessário ter cautela, pois o desejo de comprar o que não precisa pode ser passado ao filho desde pequeno. “É preciso pontuar algumas coisas: Pra que eu preciso consumir? Qual o objetivo de ter aquilo? Qual o propósito de fazer aquela compra? Além disso, os pais dão o exemplo nas atitudes e não somente na fala, porque dizer o que deve fazer e agir de forma contrária não mostra coerência”, exemplifica Roseleide.
Para a mulher adulta saber conter o seu consumismo desenfreado é preciso tomar consciência do motivo que a leva a agir assim. “Ter consciência é admitir e ser responsável por aquilo que eu faço. E para que ela chegue a este grau de equilíbrio é preciso ajuda profissional.”
A psicóloga ressalta, porém, que consumir não é errado. “Ter uma vida confortável não é feio, sujo, ilegal, é um direito. Mas o que a pessoa faz com este bem é outra história. Devemos pensar: ‘Sou alguém independentemente do que eu tenho’.”
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