Entender a diferença entre o Reino de Israel e o Reino de Deus é fundamental para agir durante as adversidades
Enquanto viver neste mundo, o cristão terá de enfrentar lutas, mas quando vivem situações adversas muitas pessoas desejam ver as manifestações Divinas em suas vidas da mesma forma que Deus operava no passado, quando Seu poder se manifestava para a glória de Israel.
Elas não se atentam ao fato de que, depois do sacrifício de Jesus na Cruz, toda manifestação de Deus tem o objetivo de Salvação, ou seja, a glória não é terrena, mas do Reino dos Céus.
Em entrevista à Folha Universal, o Bispo Marcelo Crivella explica que há diferença entre as lutas no Reino de Israel, que levavam à mortandade, mas não à vitória, e as lutas no Reino de Deus, que, se vencidas, levam à maior de todas as vitórias, que é a Vida Eterna no Reino dos Céus. Ele explica que a “vitória” terrena era “do Reino de Israel, mas não de Deus, que deseja que todos se salvem, como ensinou Jesus ao orar ‘Pai-Nosso’ e não ‘Pai meu’”.
O Bispo compartilha um direcionamento que recebeu de Deus em um dos momentos em que se sentiu mais injustiçado na vida, quando estava em sua última semana no cargo de prefeito do Rio de Janeiro: “fui preso e, quando estava na cela, perguntei ‘Deus, por quê?’ e, naquela madrugada, entendi que há diferença entre o Reino de Israel e o Reino de Deus. Quando lemos a Bíblia, nos atemos bastante aos fatos heroicos que estão no Velho Testamento, mas nós não vivemos mais lá, portanto, se esperarmos que exista um cajado para abrir o Mar Vermelho e que o faraó morra afogado ou que haja uma pedra para atirar na cabeça do Golias e viremos rei, devemos lembrar que isso não existe”.
De acordo com o Bispo, enquanto estamos neste mundo, estamos no Reino de Deus, mas quando os que alcançarem a Salvação subirem chegarão ao Reino dos Céus. Ele afirma ainda que o herói do Reino de Deus não é Davi, mas Estevão, que não deu pedrada, mas levou pedradas e orou por seus assassinos: “Davi não ganhou a alma de ninguém, ninguém se converteu quando o gigante morreu e nenhum filisteu se arrependeu. Mas, quando Estevão orava por seus assassinos, ele orava também por Saulo, que posteriormente aceitou o Senhor Jesus, tornando-se Paulo, o maior apóstolo que Jesus nos concedeu e que ganha almas até hoje. E a aparente derrota de Estevão foi sua grande vitória porque ele olhou para o céu e viu Jesus de pé, como se o Salvador Se levantasse para recebê-lo”.
O Bispo completa que mais tarde, quando Saulo ficou cego, Jesus lhe disse: “Saulo, Saulo por que me persegues?” (Atos 9.4). O Bispo alerta para o fato de que Ele não questionou por que Saulo apedrejou Estevão, mas por que O perseguia: “porque Jesus é Estevão e Estevão é Jesus. Esse é o grande milagre do Reino de Deus que precisamos entender. A vitória agora não é levantar o cajado e afogar o faraó, não é dar pedrada em Golias e matar os profetas de Baal, mas dar a outra face, andar a outra milha e, se pedirem a túnica, dar também as vestes. Essa é uma vitória que o mundo não tem, é a vitória que converte, que ganha almas”.
A justiça do Reino de Deus
Jesus veio anunciar o Reino de Deus e alertou: “arrependei-vos porque é chegado o Reino dos Céus” (Mateus 4.17). O Bispo afirma que 70 vezes Jesus repetiu “Reino de Deus” e “Reino dos Céus”. Para ele, uma das passagens bíblicas mais bonitas é a que mostra Jesus dizendo que deveríamos colocar este Reino em primeiro lugar: “mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e a Sua justiça…” (Mateus 6.33).
O Bispo ainda menciona que essa é a justiça de quem dá a outra face, que para o mundo é um absurdo: “ela é diferente e entendemos isso no sofrimento. É por isso que Jesus falou que o Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda. Viramos um grãozinho de mostarda para o Reino de Deus crescer. Grãozinho de mostarda foi Estevão, foi Cristo na Cruz, mas olha só como cresceram, olha onde foi parar a obra de Estevão por meio de Paulo e Cristo salvando o mundo”.
Segundo o Bispo, nas perseguições, injustiças, injúrias, calúnias e infâmias que sofremos, não é desafiando, afrontando e brigando que venceremos, mas buscando e agindo mediante a Justiça do Reino de Deus e confiando no Seu agir, independentemente do preço a ser pago.
Mas e se no final parecer que Deus não existe e que o mal prevaleceu? Lembre-se que “quando nosso Senhor Jesus e Estevão morreram não prevaleceu o mal, pelo contrário, prevaleceu por séculos e séculos o bem”, assegura o Bispo. Maior do que os resultados terrenos é a Glória do Reino dos Céus.
A atitude cristã
Assim, o cristão não deve focar no problema que está enfrentando, mas entregá-lo nas mãos de Deus e buscar a Direção e a Justiça divinas. Em hipótese alguma ele deve deixar de focar na Glória do Reino dos Céus e em sua Salvação. É necessário se lembrar do que Jesus disse ao ser interrogado por Pilatos: “o Meu reino não é deste mundo; se o Meu reino fosse deste mundo, pelejariam os Meus servos, para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o Meu reino não é daqui” (João 18.36).
Nos comentários bíblicos do Bispo Edir Macedo, ele afirma que o Reino de Deus, instaurado por meio do Senhor Jesus, era espiritual e, portanto, estabelecido no íntimo daqueles que O recebiam: “o Senhor Jesus, de fato, era e é Rei, mas o Seu Reino tem origem celestial, por isso é justo, perfeito e perpétuo. Não há ninguém que possa conspirar e prevalecer contra o Rei Jesus. Felizes são os que fazem parte do Seu Reino, porque de modo algum perecerão”.
Celebra-se muito o fato de que, quando Elias orou, o fogo desceu do céu e no mesmo dia houve chuva, mas os profetas de Baal não se converteram, não houve ali o milagre do Reino de Deus, que é o milagre da Salvação. “João Batista é o novo Elias. Ele subiu para o céu numa carruagem de fogo? Não, ele foi decapitado. Mas Jesus disse que nascido de barriga de mulher nem Abraão nem Moisés nem Elias nem Davi ninguém foi maior do que João Batista (Mateus 11.11). E o que João Batista fazia? Ele anunciava o Reino de Deus. Ele anunciou que Jesus viria falar do Reino de Deus. Quando Jesus ressuscita, está no livro Atos, Ele só fala do Reino de Deus, embora os discípulos sempre perguntassem quando é que voltaria a glória do Reino de Israel. Essa glória não é do Reino de Deus, ela não faz parte do Reino dos Céus”, diz o Bispo Crivella.
