Em qualquer lugar do mundo ou período da história, o Evangelho sempre seguirá adiante em busca da transformação completa do indivíduo
Miséria, desemprego, criminalidade, vícios e outros males afligem a sociedade, enquanto governo, organizações não governamentais (ONGs) e entidades se esforçam diariamente para prestar auxílio e mudar este cenário. Mesmo bem-intencionadas e capacitadas, infelizmente, nem sempre resultados satisfatórios e que se perpetuem são alcançados. É nesse momento que a essência do Evangelho predomina: a de estender a mão aos necessitados.
Enquanto muitos pensam que a atuação da Igreja se restringe ao aspecto espiritual, a verdade é que ela desenvolve também um trabalho social.
“Quando a pessoa recebe o Evangelho, ela se liberta de traumas, complexos, vícios e do desequilíbrio espiritual, emocional e psicológico. Quando é assistida socialmente pelas iniciativas da Igreja, ela recebe orientação e apoio para não depender de ninguém nem do governo, mas exclusivamente de si mesma, intelectual, espiritual e moralmente falando”, explica o Bispo Júlio Freitas à Folha Universal.
Mas o que vemos nos últimos tempos é a perseguição até de líderes contra os que professam a fé no Deus Único – algo que vem desde a Antiguidade, seja quando o faraó no Egito escravizou os hebreus por 430 anos, seja quando Herodes determinou a morte de bebês na época em que o Senhor Jesus nasceu ou quando o antissemitismo de Adolf Hitler orquestrou o holocausto contra os judeus. Tais registros já revelavam uma perseguição desenfreada e sem base, mas também uma força que se regenera a cada revés.
Nessa última eleição, por exemplo, vivemos uma intensa guerra nada velada contra os cristãos por conta de posicionamentos político-partidários, que intensificaram os julgamentos e as condenações gratuitas ao Evangelho. Por notarem apenas o posicionamento político dos cristãos – o que nem deveria ocorrer, já que todo cristão é também um cidadão –, muitos ainda não perceberam que, independentemente do governo que administrar o País, o Evangelho avançará. “Mesmo com a Palavra de Deus e, mais precisamente, o cristão sendo perseguido e sofrendo pressões, nós não abandonamos o trabalho espiritual e social. Aprendemos o mandamento de amar o próximo como a nós mesmos e a força para cumpri-lo vem do Próprio Espírito da Palavra, que nos ensina como ser melhor cidadão, cônjuge, pai, mãe, filho e profissional. É daí que vem nossa força! Primeiro, por dependermos só de Deus e, segundo, por sabermos nossos valores espirituais e morais, além de nossos direitos espirituais e civis”, destaca o Bispo.
Não é à toa que o número de cristãos cresce no mundo todo, assim como de pessoas que são beneficiadas pelo serviço social e transformadas pela ação da Igreja do Senhor Jesus. E é essa bandeira que sempre será defendida.
Seja em um viaduto levando marmitas às pessoas em situação de rua, seja em um hospital orando por um enfermo, seja no cemitério oferecendo apoio a famílias em luto, seja em qualquer outro local inóspito da sociedade, sempre haverá alguém, voluntariamente e com prazer, cumprindo o Evangelho, conforme pediu o Senhor Jesus em Marcos 16.15: “(…) Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.
Liberta em cárcere
O sistema prisional brasileiro, por exemplo, conta com mais de 900 mil reclusos, conforme dados do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e um dos maiores desafios é a ressocialização deles. Por conhecer a situação carcerária de perto, a Universal nos Presídios (UNP) surgiu em 1992 e, desde então, oferece orientação espiritual aos detentos, kits de higiene, donativos a familiares e realiza ações sociais.
Uma das beneficiadas por esse projeto e que teve sua vida transformada pelo Evangelho foi Silvia Ramos, (foto abaixo) de 48 anos, funcionária pública. Com problemas em casa, seu sonho era constituir sua própria família, o que fez com que ela se casasse jovem. Contudo a relação ficou abalada depois do nascimento de sua filha e ela decidiu se separar. Cinco anos depois, ela se casou de novo, teve outro filho e foi traída, o que a levou ao segundo divórcio e, depois, ao terceiro casamento.
“Com oito meses de relacionamento, descobri o envolvimento do meu companheiro com o crime”, revela. Pensando nos riscos de se separar, Silvia se uniu a ele: “me tornei uma ameaça para a sociedade e andávamos armados, até sermos presos com base no artigo 157 [do Código Penal), por causa de assalto à mão armada a um banco. Foi quando minha ficha caiu”, diz.
No cárcere, ela pensava no que tinha feito com sua vida e a de seus filhos. Ela conta que no Dia das Mães concluiu que não havia mais jeito para ela e, por isso, preparou uma “teresa” (corda com lençol torcido) e, ao saber que sua mãe e sua filha a visitariam, decidiu que se mataria quando elas fossem embora.
Silvia lembra que, na ocasião, sua filha entrou correndo e a abraçou antes de lhe dar um presente. Ela relata o que ouviu dela naquele momento: “mãe, não é isso que eu queria te dar, mas uma mulher lá fora me deu esse livro e pediu para te trazer. É para você ler, porque quem escreveu esse livro já foi preso, mas buscou a Deus e deu certo para ele. Então, vai dar certo com você”, disse a menina, ao lhe entregar o livro Nada a Perder, do Bispo Edir Macedo, ofertado por uma voluntária da UNP.
Depois da despedida, Silvia guardou o livro ao lado da corda e esperou sua colega de cela dormir para decretar sua própria sentença, mas seu pensamento mudou. “Alguma coisa falava forte em meu coração para que eu lesse o livro, mas eu o pegava e o jogava na cama. Até que comecei a leitura e cada palavra me dava esperança. Ali falei com Deus e pedi uma chance para fazer diferente”, declara.
No dia seguinte, ao procurar uma Bíblia, Silvia soube das reuniões da Universal no presídio e passou a frequentá-las: “me limpei do ódio, da mágoa, do rancor e da tristeza. Eu fazia os propósitos e meditava na Palavra de Deus. Por fazer o que era ensinado, tudo foi mudando dentro de mim. Eu continuava presa fisicamente, mas meu espírito, não! Eu tinha certeza de que não importava o tempo de cárcere, pois, no dia que eu saísse de lá, iria direto para a Universal”.
Silvia quitou sua dívida com a Justiça em seis meses. Em liberdade, ela ia à igreja assiduamente, se batizou nas águas e recebeu o Espírito Santo. Doze anos se passaram e ela fala de sua mudança: “hoje existe outra Silvia. Ela leva vida e esperança, tem prazer de falar de Jesus e sobre o que Deus fez na vida dela, quem é o Espírito Santo e do que somos capazes com Ele”, destaca ela, que hoje é motivo de orgulho para seus filhos.
Ela ainda demonstra gratidão em relação à UNP que, em 2021, contou com 35 mil voluntários e auxiliou mais de 280 mil detentos e familiares em presídios no Brasil e no exterior: “sem esse projeto e o Espírito Santo, eu jamais estaria aqui. Sou muito grata à Universal e ao Bispo Macedo. Ele foi preso, iniciou esse trabalho, contou sua história e me alcançou dentro do presídio para que hoje eu possa viver uma vida completamente diferente”, diz.
Sonhos devolvidos
Outro mal da sociedade que destrói vidas, famílias e sonhos são as drogas e, infelizmente, elas são apresentadas às pessoas cada vez mais cedo. Foi o caso de Thiago Soares, (foto abaixo) segurança de 38 anos, que conheceu a maconha aos 11 anos e, a partir daí, usou cocaína, crack e bebidas alcoólicas.
Thiago não tinha limites quando o assunto era o vício: “eu acordava e dormia pensando nas drogas. Não me alimentava, quase nunca tomava banho e cheguei a ficar 11 dias sem dormir só usando drogas. Foram 24 anos de perdas na minha vida: a família, a casa, a liberdade e de todos os meus sonhos”.
Nos raros momentos de lucidez, seus pensamentos eram de que não havia saída para ele. Thiago viu vários amigos serem presos, mortos, terem overdose e tentarem deixar a dependência química sem sucesso. Por isso, a única saída que via para si mesmo era a morte.
“Eu não acreditava que pudesse trabalhar, ter uma família ou dormir e acordar no outro dia. Como nunca tive uma overdose, decidi que fumaria até ter uma. Então, reuni alguns colegas em um hotel com o pensamento de que só sairia dali no ‘rabecão’ do IML, porque enquanto não tivesse uma overdose eu não sossegava. Cheguei a fumar mais de 100 pedras de crack”, recorda.
Ele não foi bem-sucedido em seu plano e, por mais que desejasse sair daquela situação, não conseguia. Em uma noite, um grupo se aproximou dele com uma proposta ousada: um tratamento que lhe garantia a cura dos vícios. Thiago, mesmo sem esperança, aceitou o convite. Tratava-se do Tratamento para a Cura dos Vícios. Ele propõe a dependentes e codependentes químicos que a cura dos vícios é uma questão de fé. A primeira palestra foi realizada em 2014 e, em 2021, o programa já tinha atendido mais de 280 mil dependentes químicos e familiares em diversos países.
Thiago conta como foi aquela tarde de domingo: “depois de participar do primeiro encontro, eu vi a diferença. Perdi toda e qualquer vontade de usar drogas e já no primeiro dia fui curado dos vícios”. Depois de alcançar seu desejo mais íntimo de se ver livre das drogas, ele continuou frequentando o Tratamento e, assim, foi conhecendo o poder transformador do Evangelho.
“Passei a frequentar outras reuniões na Universal e a obedecer o que era ensinado no Altar. Me batizei nas águas, fui batizado pelo Espírito Santo e minha vida foi transformada. Saí das ruas, consegui um emprego e passei a ter paz. Graças àquele convite do voluntário, voltei a ter sonhos e a andar de cabeça erguida depois de 24 anos de humilhação”, compartilha ele, que revela que é parte dos 4.500 voluntários do pojeto Vício Tem Cura e que tem usado seu testemunho para ajudar outras pessoas.
Do abandono ao acolhimento
Quem vê a confeiteira Rafaela dos Santos, (foto abaixo) de 29 anos, distribuindo sorrisos sinceros por onde passa e adoçando a vida das pessoas graças à sua profissão não é capaz de imaginar o seu amargo passado. Aos oito meses de vida, sua mãe foi embora de casa e, apesar de seu pai ter sido sempre presente em sua criação, ela carregava uma sensação de abandono.
Aos 17 anos, Rafaela saiu de casa e tentou curar sua dependência emocional se casando. Por não saber conviver em família, a relação foi marcada por mentiras, vício em compras e dívidas, o que resultou na separação. Assim, Rafaela foi para o fundo do poço. “Comecei a viajar e vi a oportunidade de fazer dinheiro com homens que gostavam da minha companhia, mas nos primeiros programas que eu fiz não os enxergava como programas sexuais.”
Depressiva, ela se mudou para o Rio de Janeiro com o objetivo de viver perto de parentes, mas não conseguiu. “Vivi outro relacionamento frustrado e me joguei no mundo da prostituição. Era uma dupla vida de fingimento, dívidas, confusão e depressão. Eu estava sempre enfiada em comunidades, bebendo e fumando maconha para amenizar a dor depois dos programas”.
Certa noite, em Copacabana, ela foi abordada por membros da EVG Night.
O carinho daquelas pessoas fez com que Rafaela se sentisse “amada e cuidada como nunca havia sido antes”, afirma. Ela compartilhou o seu telefone com uma voluntária com quem manteve contato por quatro meses e revela que “a dor de não querer mais aquela vida e o desespero de não ser capaz de sair daquela situação que só lhe trazia sofrimento” fizeram com que ela reconhecesse que a ajuda que o projeto lhe oferecia naquele momento seria sua única saída.
O EVG Night, criado em 2018, conta com mais de cinco mil voluntários que vão aos pontos de prostituição para oferecer apoio espiritual, social e emocional a mulheres, homens e travestis. Somente em 2021, o projeto acompanhou 53.971 pessoas que foram lembradas do quão valiosas são para Deus e que Ele pode mudar a realidade de suas vidas.
“Eu pude conhecer a Deus em razão do cuidado que aquelas pessoas tiveram comigo ao verem algo em mim que nem eu mesma enxergava. Lutei pela minha libertação, me batizei nas águas e recebi o Espírito Santo”, diz, destacando que sua transformação aconteceu de dentro para fora.
Hoje ela é uma mulher realizada, feliz e livre. “Antes eu não conseguia conhecer a Deus, mas, por meio dos voluntários, entendi e cri que Ele existia. Se não fosse o EVG Night, eu continuaria vivendo uma vida de mentiras, enganando a mim e as pessoas ao meu redor. Enxerguei quem eu era e que podia sair daquela situação. Hoje tenho o privilégio de ajudar outras pessoas que vivem o mesmo que vivi no passado e reconheço que realmente ganhei uma nova chance de vida”, conclui.
Um meio para o fim
O Bispo Júlio Freitas revela que o sucesso desse trabalho social está atrelado ao espiritual: “governo e ONGs focam apenas no social, mas sabemos que a origem da dependência de assistência social desse cidadão é a falta de espiritualidade e não de religiosidade. Qual é a diferença? O religioso se relaciona com religião, filosofia ou uma entidade religiosa; já o espiritual se relaciona com o Criador, que o faz independente. Tanto nosso trabalho espiritual como o social são no sentido de tornar o indivíduo independente”.
Assim, o trabalho social é um meio de levar os que estão à margem da sociedade a reconhecerem que sua dependência deve ser apenas de Deus, porque Ele é o Único capaz de transformar condições, pessoas e histórias. “É fazê-los entender que eles têm um potencial que pode e deve ser desenvolvido e que assim alcançarão seus objetivos e realizarão seus sonhos. Independentemente de pessoas e coisas, mas totalmente dependentes de Deus”, reforça o Bispo.
Portanto, mesmo que alguém se levante contra o Evangelho, não há como impedir Seu avanço. A resistência, a força e o poder dEle sempre serão reafirmados. O Próprio Senhor Jesus já anunciou, em Mateus 24.14, que o Evangelho “será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.
A fé é conhecida, literalmente, por ultrapassar qualquer barreira, independentemente de quem governe uma nação. Assim, seguimos pelos desígnios do Alto, propagando o caminho que leva ao mais importante: à vida eterna com Deus.